O que começou com um simples nódulo, que parecia ser uma ‘espinha interna’ no nariz, se transformou em um momento desafiador na vida da dentista e empresária, Juliana Lima Vilela, de 30 anos, natural de São Luís.
Após o desconforto com a ‘protuberância’, Juliana, que é apaixonada pelo universo da moda e beleza, optou por ir em um médico especialista para resolver o incômodo. Entretanto, o que era pra ser uma ‘cauterização’ aparentemente rotineira, em maio de 2023, logo se tornou motivo de preocupação quando a ferida ‘começou a crescer e não cicatrizava’, o que aguçou a preocupação e diminuiu a autoestima da empresária.
O resultado da primeira biópsia apontava para um diagnóstico inconclusivo — Foto: Arquivo Pessoal
Desde então, a empresária começou a compartilhar sua rotina de exames e recuperação através de ‘vlogs’ nas redes sociais. Em uma entrevista ao g1, Juliana contou sobre os primeiros momentos do que viria se tornar um divisor de águas na sua vida.
“Eu sou empreendedora, dona de loja de moda feminina aqui em São Luís. A ferida aberta me incomodava muito, porque estava super feia. Eu não sentia vontade de fazer meus provadores, não sentia vontade de sair, mas me esforçava muito, porque, afinal de contas, a gente não pode parar. A mulher hoje tem que colocar a sua força e energia naquilo que sonha em prol de realizar seus objetivos, né? E assim eu fiz. Porém sempre buscando a solução pra resolver esse problema, porque já estava super preocupada.”, relatou a dentista.
Ao notar o nódulo no nariz, Juliana nem imaginou que poderia se tratar de um câncer. Após ir em diversos profissionais e não receber um diagnostico preciso, a dentista contou que, por indicação de uma conhecida, decidiu buscar ajuda em hospital especializado em São Paulo.
“Eu fui em vários médicos, entre ‘dermatos’ e plásticos, e nenhum chegava a uma conclusão final. Até que minha mãe encontrou com uma amiga no supermercado, que tinha tido câncer, e essa amiga indicou uns médicos em São Paulo. Nós fomos, porém sem imaginar que poderia ser algo sério porque, afinal de contas, eu estava bem”.
Procedimentos
Seis meses depois, já no Sudeste do país, a empresária, então, submeteu-se a uma segunda biópsia e, em algumas semanas depois, recebeu o diagnóstico: ela estava com um câncer raro, conhecido como ‘sarcoma’, que são tumores malignos raros que, na maioria dos casos, têm origem nas células que formam as chamadas partes moles do corpo, como músculos, gordura, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos e nervos periféricos.
Até o momento, Juliana Vilela já passou por quatro cirurgias para reconstrução do nariz — Foto: Arquivo Pessoal/Montagem g1
De início, os médicos suspeitavam de um ‘carcinoma’, o tipo mais comum de câncer de pele, entretanto, tiveram que lidar com um procedimento muito mais delicado.
Maranhense descobre câncer raro ao tentar tirar sinal no nariz
Diante dessa nova realidade e da complexidade de realização do procedimento, Juliana encontrou uma difícil decisão: optar por uma cirurgia delicada, mas com a garantia de eliminar todas as células cancerígenas possíveis, ou submeter-se a uma intervenção menos invasiva, porém com maior probabilidade de recidiva. Foi então que ela optou pela primeira opção, resultando na remoção da região afetada do nariz.
Ao lado esquerdo, está o resultado do primeiro procedimento. Ao lado direito, está o resultado do procedimento realizado em dezembro de 2023, o qual foi utilizado parte da pele da testa para enxertar a região do nariz — Foto: Arquivo Pessoal/Montagem g1
Rede de apoio
Ao g1, Juliana compartilhou destacou que o apoio da família e dos amigos foi fundamental para conseguir a ‘força’ necessária para seguir em frente. — Foto: Arquivo Pessoal
Mas não parou por aí. Em dezembro de 2023, ela enfrentou mais cirurgias, desta vez submetendo-se a enxertos de pele na região afetada. Ao g1, Juliana compartilhou que precisou remover pele da testa para reconstruir a região do nariz, mas destacou que o apoio da família e dos amigos foi fundamental para conseguir a ‘força’ necessária para seguir em frente.
“Como já disse, sou dona de loja. Trabalho com autoestima. Várias vezes quis desistir de fazer meus posts, com as minhas mercadorias novas de final de ano. Mas tive muita gente me apoiando. Influenciadoras locais, inclusive! Que foram na loja e me ajudaram. E aí foi que eu pensei: tem muita gente torcendo por mim. Sou forte, sou mulher e guerreira. Não posso passar por tudo isso sem fazer meus posts, sem lutar pela minha empresa. Fui lá e comecei a fazer minhas publicações”
Mesmo com todas as adversidades, a empresária não deixou ‘se abater’. Mesmo em São Paulo, ela cuidava do empreendimento em São Luís, e monitorava, através das câmeras de segurança, o dia-dia na loja.
“Você sabe que o dono dentro do estabelecimento faz muita diferença, né? Então o que eu podia fazer de longe eu fiz. Fiz provadores mesmo sem me sentir bonita”
Na saúde e na doença
Antes de realizar o procedimento, Juliana havia noivado em outubro de 2023 e pretendia se casar em agosto de 2024. O que ela não esperava era que, segundo ela, os meses seguintes seriam os mais turbulentos da sua vida.
Em dezembro desse mesmo ano, após realizar o procedimento, Juliana recebeu a visita do seu noivo, Caio Vasconcelos, que a acompanhou durante a recuperação. Ao g1, a empresária relatou que se sentiu insegura, pois segundo ela, achava que o seu noivo iria desistir de casar depois de tudo.
Foi aí que ela foi surpreendida com um novo pedido. “E foi depois dessa cirurgia [a da retirada do tumor] que eu me vi completamente abalada psicologicamente. Foi então que o Caio me chamou para conversar e afirmou que queria casar. Sim, meninas, ele queria casar!”, disse a empresária em um vídeo que viralizou nas redes sociais e já acumula 4,2 milhões de visualizações.
Em janeiro de 2024, os dois encontraram no matrimônio não apenas uma celebração de união no presente, mas uma fonte de força e esperança para o futuro.
Próximos passos
A maranhense contou, ainda, que fará outra cirurgia reparadora em abril deste ano. Após isso, continuará o tratamento em São Paulo, indo de 3 em 3 meses, até completar dois anos. Segundo ela, o câncer tem chance de 10% a 15% de recidiva, mas que está esperançosa de que tudo dará certo. “Deus já cuidou de mim até agora, Ele não vai soltar a minha mão. Ele não falha”, disse a empresária.
FONTE: G1 MARANHÃO