Novas imagens aéreas revelam um cenário dramático em Buriticupu, cidade localizada a 415 km de São Luís, no Maranhão, onde gigantescas voçorocas avançam e destroem ruas e residências inteiras. A situação, que já levou o município a decretar estado de calamidade pública, se agrava a cada dia, com centenas de moradores abandonando suas casas para escapar do risco iminente.
As imagens mais recentes mostram a enorme cratera que se abriu na Rua Santo Cristo, uma das áreas mais afetadas, onde o solo continua cedendo e engolindo construções e ameaçando novas residências.
Buriticupu enfrenta esse problema há mais de 30 anos, mas as chuvas aceleraram de forma preocupante o processo de erosão. As voçorocas — termo de origem tupi-guarani que significa “terra rasgada” — já alcançam impressionantes 600 metros de extensão e até 80 metros de profundidade em alguns pontos da cidade.
Apesar da liberação de R$ 45,7 milhões pelo governo federal em anos anteriores e de decisões judiciais que obrigam o poder público a agir, os moradores denunciam a falta de obras efetivas de contenção. Hoje, aproximadamente 1.200 pessoas vivem em 250 casas situadas em áreas de alto risco.
A geóloga Edileia Dutra Pereira, da Universidade Federal do Maranhão, explicou recentemente que o desmatamento desordenado e a ausência de vegetação agravam o problema. “Sem a cobertura vegetal, a água da chuva não penetra no solo e escoa com força, cavando o terreno e acelerando a formação de voçorocas”, detalha. As mudanças climáticas, com aumento da frequência e intensidade das chuvas, também colaboram para a expansão rápida das crateras.
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu novamente a situação de emergência em Buriticupu, o que permite à prefeitura solicitar recursos federais para assistência emergencial, como distribuição de alimentos e kits de higiene para as famílias atingidas.
Enquanto nada é feito, sem ações efetivas e urgentes, Buriticupu corre literalmente o risco de sucumbir diante do avanço destruidor das voçorocas.
FONTE: PORTAL O INFORMANTE