A Polícia Civil do Piauí (PCPI) indiciou Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos, pelos crimes de homicídio qualificado tentado e consumado contra os irmãos Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos. Eles comeram cajus envenenados com terbufós, uma substância tóxica semelhante ao “chumbinho”.
Lucélia é suspeita de entregar um saco com as frutas para as crianças, em 23 de agosto deste ano, em Parnaíba, no litoral do Piauí. João Miguel morreu em 28 de agosto, após cinco dias de internação. Já Ulisses foi transferido em 12 de setembro para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), onde continua internado.
Conforme a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e aos Grupos Vulneráveis (Deamgv), a suspeita vai responder por homicídio tentado contra Ulisses, que sobreviveu, e homicídio consumado contra João Miguel. Tanto o crime tentado como o consumado têm as seguintes qualificadoras:
- Motivo fútil, considerado “insignificante” ou “banal”, que normalmente não levaria ao crime, quando há uma desproporcionalidade entre o crime e a causa;
- Emprego de veneno (terbufós, substância tóxica utilizada como inseticida e nematicida – para pragas de plantas);
- Recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima;
- Crime cometido contra menor de 14 anos.
O Ministério Público do Piauí (MPPI) denunciou Lucélia pelos mesmos crimes apontados pela polícia. A suspeita foi presa em flagrante, negou as acusações e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça dias depois. Ela continua detida na Penitenciária Mista de Parnaíba.
Perícia comprova veneno nos cajus
João Miguel da Silva, de 7 anos, morreu vítima de envenenamento — Foto: Reprodução
Uma perícia feita pelo laboratório de toxicologia forense do Instituto Médico Legal (IML) foi concluída na terça-feira (15) e comprovou que os cajus comidos por Ulisses e João Miguel estavam envenenados com terbufós.
Segundo o diretor do IML, o médico Antônio Nunes, os cajus continham terbufós, uma substância tóxica, da classe dos organofosforados, utilizado como inseticida e nematicida (pragas de plantas). A substância é semelhante ao “chumbinho“, porém mais nocivo.
Segundo a Polícia Civil, os dois meninos receberam um saco de cajus que teria sido oferecido pela vizinha, suspeita de envenenar as crianças. Os dois irmãos foram socorridos, no dia 23 de agosto, em estado grave com sintomas de envenenamento na cidade de Parnaíba.
Sobrevivente tem sequelas
Mulher é presa suspeita de envenenar crianças no litoral do Piauí
Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, garoto que comeu cajus envenenados, apresenta uma pequena melhora, mas desenvolveu uma sequela no cérebro, conforme a mãe Francisca Maria da Silva. Ele está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) desde 12 de setembro. O irmão dele, João Miguel da Silva, de 7 anos, morreu devido ao envenenamento.
Ao g1, Francisca contou que a sequela deixou a coluna do menino rígida e limitou a movimentação de Ulisses. Apesar disso, ele está consciente e reage aos familiares com os olhos, ainda sem falar. Segundo a mãe, a equipe médica não deu previsão de alta, que está condicionada à melhora da mobilidade do garoto. Procurado, o HUT informou apenas que o paciente continua na UTI.
O menino chegou a receber alta em 6 de setembro e tinha sido encaminhado para a clínica pediátrica, mas precisou retornar para os cuidados intensivos.
Os dois irmãos, de 7 e 8 anos, foram socorridos, no dia 23 de agosto, em estado grave com sintomas de envenenamento na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí. A suspeita, vizinha das vítimas, foi presa horas depois. João Miguel morreu em 28 de agosto, após cinco dias internado.
O caso continua sob investigação da Polícia Civil.
Crianças receberam saco de cajus
Ulisses e João Miguel moravam com a mãe em uma residência no residencial Dom Rufino, na periferia de Parnaíba, litoral do Piauí. A mãe dos irmãos relatou que, na sexta-feira (23), o filho mais velho chegou à casa da família com um saco de cajus, que teria sido oferecido pela vizinha Lucélia Maria, suspeita de envenenar as crianças.
“Ele foi comer os cajus com o irmão e os dois saíram para brincar. Quando o mais novo voltou, disse que estava tonto, se sentindo mole e me pediu para segurá-lo. Eu o segurei e ele estava roxo, com a língua preta, babando e vomitando o caju”, lembrou Francisca.
O filho caçula foi levado ao hospital e, pouco depois, o irmão mais velho também deu entrada com os mesmos sintomas, levado pelo tio das crianças. Francisca disse ainda que não tem qualquer relação com a vizinha suspeita do crime.
Os irmãos foram entubados no Hospital Nossa Senhora de Fátima, anexo do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba. O transporte das crianças à capital foi feito por uma aeronave do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
FONTE: G1 PIAUÍ